sábado, 7 de novembro de 2009

porque kakashi tem a boca e os olhos taampados?

Resposta


Kakashi subia as escadas impaciente. Havia recebido uma mensagem e se encontraria com o conselho para receber uma missão. Tinha a ver com bandidos, ou algo do tipo, nada muito difícil, só um reconhecimento, agrupar informações e decidir se o grupo deveria ou não ser eliminado (e faze-lo fosse o caso). Sentia-se como se estivessem o subestimando. Não queria a missão, mas se teria que realiza-la mesmo assim, decidira terminar tudo o mais rápido possível. O Edifício do Escritório Central era largo e não muito alto, apenas cinco andares mais um subsolo, possuindo acessos em pontos diferentes. Kakashi subia pelo que era conhecido como “escadaria dos fundos”: era usada como escadas de emergência e pela equipe de limpeza, e portas anti-pânico convenientemente a escondiam. Mas ele gostava de usá-las pela privacidade proporcionada.

Desde que “ganhara” um olho Sharingan, e depois de toda a tragédia envolvendo um companheiro, não havia quem não o olhasse torto. Virara um padrão, ao qual ele definitivamente não estava se acostumando. A morte do amigo Uchiha o havia afetado profundamente, principalmente em sua personalidade. Tentava levar uma vida diferente, mas era muito difícil, ainda não conseguira encontrar a forma de fazer isso e andava constantemente irritadiço e impaciente, qualidades que definitivamente não lhe cabiam bem. Não era isso que queria. Mas essas considerações deveriam esperar, pois, nesse exato momento, iria para uma missão. Seus pensamentos, por sorte, estavam realmente no tempo correto ao fazer uma curva para o quarto andar.

- Pare.

A voz veio ao mesmo tempo em que olhava para cima.

- Droga.

A primeira coisa que o chamou a atenção foram as polainas, alaranjadas, destacando do conjunto, seguido da roupa verde musgo e logo depois a aparência séria. Era Gai, um colega (estava mais para conhecido... – na verdade, estava mais para “indivíduo desconhecido MUITO estranho que, por algum motivo, razão ou conseqüência”) que acreditava ser “seu rival” estava parado na frente da escadaria. Seu porte era imponente e possivelmente já estava lá há algum tempo, esperando Kakashi.

- O que você quer, Gai? – O jovem de cabelos cinzas estava impaciente.

- Lutar com você. – A resposta seca do jonin a sua frente o espantou. – Nós não tivemos uma oportunidade desde que você ganhou o olho Uchiha.

A franqueza de Gai realmente o surpreendera; não esperava, ainda mais à luz dos acontecimentos recentes, tanta sinceridade.

- Não. Eu estou com pressa. Outro dia talvez. – Kakashi deu alguns passos se aproximando, mas o outro não saiu da sua frente.

- Você sempre diz isso. Mas nós temos que lutar. É nossa vigésima contenda, e eu quero saber do que você é capaz agora.

- Gai, sai da frente, eu estou com pressa para realizar uma missão! E que papo é esse de “do que eu sou capaz”? – A pergunta surgiu como uma agulha em sua mente.

- Oras, agora que você tem o olho Uchiha. Você pode estar mais forte, ou mais fraco. Mas eu sei que você deve lutar diferente agora... Tudo mudou.

- NADA mudou, Gai.

Era mentira. Ainda não tinha se acostumado com o novo órgão, seu olho coçava constantemente e, sempre que abria os olhos, sentia como se seu cérebro drenasse o próprio chakra. Além disso, sentia uma dor de cabeça constante, na verdade uma enxaqueca colossal. Não tinha controle nenhum sobre o que acontecia quando abria o olho esquerdo – que ele deixava tampado com sua faixa da vila – e, desde então, perdera muito de sua noção espacial, trombando em coisas, entrando errado pelas portas e calculando mal a distancia de arremessos. Todos os dias treinava com o olho fechado, mas de alguma forma isso não era suficiente. Faltava algo, ele sabia que precisava ser empurrado ao limite. E lá estava esse indivíduo... Esse... Companheiro, esse amigo estranho, arredio e difícil, que decidiu que ele o levaria a tais limites.

- Você sabe que isso é mentira. – Gai respondeu. – Agora vamos lutar. Se você ganhar, você sabe que nunca mais terá que lutar comigo.

- Como? – Uma ponta de esperança daquelas contendas ridículas finalmente aparecera, e era algo que ele torcia para que fosse verdade.

- Sim. Nas nossas últimas lutas, você ganhou 10, eu ganhei 9. Se você ganhar, nós nunca mais precisaremos lutar, pois já saberemos quem é o mais forte, você sabe disso.

Ele não sabia. “Finalmente uma fuga dessas lutas” ele pensou; Kakashi não entendia direito as regras, mas não precisaria perguntar muito também. A oferta era realmente tentadora, testaria seus limites com o novo olho e, se ele ganhasse, nunca mais teria que fazer isso – e ele pensou que podia ganhar aquela luta.

- Está bem. Mas onde vamos lutar?

- Aqui.

- Aqui?

- Sim.

Kakashi olhou para baixo. A queda machucaria. Não havia muito espaço e, Gai, como um ninja de taijutsu, não teria como manobrar com facilidade e, assim, o ambiente o favorecia.

- Certo. Mas nada de Portões.

- De acordo.

Os dois se encararam por algum tempo. De repente, Kakashi percebeu que o pé de Gai mudou de posição. O braço se levantou a tempo de defender um chute giratório do outro. Já era a teoria do espaço pequeno.

- Batendo no meu ponto cego?

- Você até que foi rápido... Mas não tanto.

Kakashi percebeu que algo estava errado, mas não conseguiu se defender do chute que o empurrou para fora da escadaria. Caiu no chão, sentindo as costelas.

- Agora isso... Isso foi realmente rápido.

O ninja de verde pulou para continuar a luta, mas o outro foi mais rápido, rapidamente girou no chão e Gai pisou em concreto puro, rachando o chão. Ao se por de pé, Kakashi pulou e girou o corpo, em um chute giratório, mas, ao perceber que não acertou nada, se agachou, ao que sentiu uma lufada de ar, acusando um golpe similar do seu adversário. Uma série de giros começou, como um balé sem fim. Ele contou 15 chutes, até finalmente se agachar e preparar uma rasteira, rapidamente desviada pelo ninja de verde que desferiu um chute e não fosse pelo seu rolamento lateral ele teria sido nocauteado.

Rapidamente, o jovem ninja de cinza pulou para trás, caindo em cima de dois degraus diferentes. Gai o seguiu, com uma voadora, mas foi desviado rapidamente, caindo no andar de baixo. Aproveitando o suporte superior, Kakashi começou a golpear seu inimigo com chutes e socos bem desferidos, mas sentiu seu braço esquerdo pesado, a perna lenta, imprecisa, percebendo que estava com um problema de distribuição de peso e de precisão.

Ele então pulou para trás, rapidamente realizando selos para um jutsu, uma fumaça subiu na escadaria.

- Você não vai conseguir esca-

Antes que Gai conseguisse terminar a frase, um chute o fez atravessar o chão até acertar uma parede. Quando ele levantou a cabeça, viu dois Kakashis vindo em sua direção, ambos portando kunais nas mãos.

- Agora isso está justo!

Gai correu em direção à cópia do ninja de cinza, que rapidamente tentou corta-lo, mas o seu adversário era mais rápido e se agachou, rapidamente recuperou o movimento e tentou um chute em pleno ar, as pernas abertas, tentando acertar os dois Kakashis. Os dois se agacharam, um em cima da escadaria, outro na base do lado de uma porta. Gai se segurou no corrimão, as pernas ainda apontando para os inimigos. Apoiando-se na barra de ferro, ele começou a girar o corpo, tentando acertar o ninja de cinza, mas seus esforços eram infrutíferos, assim como o de Kakashi de tentar acertar seu adversário com as kunais. Os braços do ninja de verde eram rápidos demais, ele tinha certeza que ia cortar as mãos, ou os braços dele, mas a navalha sempre passava a alguns poucos centímetros.

De repente, aquilo ficou cansativo demais, e a cópia pulou para cima de Gai, tentando agarra-lo, mas um golpe giratório vindo deste o acertou em cheio no rosto, desfazendo-o. Isso serviu também para mantê-lo temporariamente distraído, e isso permitiu ao verdadeiro Kakashi acertar um chute em cheio no estomago do ninja de verde, que caiu no chão com um joelho se arrastando. Rapidamente se recuperando, ele correu pela parede e pela porta, pegou um impulso e Kakashi se agachou a tempo de impedir que um míssil o acertasse. Ao levantar a cabeça, Kakashi olhou para os lados e viu um Gai pendurado por uma perna na parede da escadaria.

- O que...? – Ele estava devidamente assustado, seu olho arregalado ante a visão. Se aquele chute tivesse lhe acertado, teria nocauteado na hora (ou coisa pior...).

- É um golpe novo que eu estou desenvolvendo... – Gai se segurava pelas mãos e tentava empurrar a parede, com algum sucesso. – Mas ainda falta algum aperfeiçoamento... Melhor eu não usar isso de novo em uma luta até ficar perfeito...

Ele conseguiu se soltar e, com alguma agilidade, caiu em pé. Um buraco do tamanho da perna de Gai se via na parede.

- Você não vai mais me atacar?

- Claro... – Kakashi ainda estava assustado, mas pelo menos aquele golpe não seria mais usado.

Ele pulou e retomou o ataque, subindo e descendo os degraus, tentando aproveitar-se do ambiente, ainda que seu adversário o fizesse de maneira melhor que ele. A luta estava claramente desequilibrada, Kakashi com mais freqüência errava os golpes do que devia, ao contrário de Gai que o acertava constantemente. Foram apenas alguns poucos minutos, mas a diferença entre os dois era bem clara e, pelo menos no campo físico, Gai tinha uma vantagem enorme e, muito mais ágil que ele, impedia-o de realizar jutsus e concentrar seu chakra. Tinha calculado errado o campo de luta e o adversário e agora pagava com isso com uma surra inesquecível.

Após alguns minutos e de ter apanhado o suficiente, Kakashi se afastou de seu adversário. Suava frio, sentia o gosto de sangue em sua boca e pressionava uma costela arrebentada. Estava exausto, sentia como se tivesse apanhado por horas a fio. Eu só tenho uma chance, ele pensou. Gai estava lá, parado. Sua respiração alterada mostrava que também estava cansado, mas procurava não demonstrar.

Kakashi foi rápido o suficiente para levantar a faixa da vila e revelar o olho com o Sharingan. Ele via os movimentos de Gai como em câmera lenta, o que era particularmente estranho, já que o ninja era tão rápido que, mesmo naquela velocidade, ele ainda era rápido. Na verdade, era mais como se ele soubesse o que Gai ia fazer, antes que ele fizesse, o pensamento mais rápido que o movimento, e as probabilidades de repente mudaram, na cabeça dele. Ele sentia como se pudesse vencer, e começou a lutar de forma desesperada, batendo em Gai com toda sua força. Um soco direto, dois chutes, mais alguns socos e o adversário veria o chão primeiro, ele pensou. Sua exaustão não mais o incomodava, sentia como se pudesse tudo, mas sabia que, devido a suas limitações recentes, teria que terminar com aquilo o mais rápido possível.

De repente, ele começou a sentir uma dor como uma kunai que atravessa o corpo, não apenas um ou outro membro, mas ele todo. Sentia vontade de gritar e levou as mãos à cabeça, um cansaço absurdo passando pelo seu corpo, fechou os olhos e reabriu o olho direito, seus membros repentinamente exaustos, sua cabeça uma esfera que aumentava geometricamente de tamanho a cada milissegundo. Percebeu o movimento de Gai, mas não sabia o que fazer.

Simplesmente fechou os dois olhos e sentiu um pedaço de carne quebrando uma costela. Do outro lado, sentiu algo se dobrando e cedendo ante seu corpo. Uma lufada de ar passou pelos seus cabelos e ele sentiu que aquilo era bom. Não tinha energias, reserva de chakra, nada. Apenas seu corpo, dolorido. Ouviu alguém gritar seu nome e pensou em quão besta era alguém gritar seu nome sem nenhuma razão aparente. A lufada interrompeu ao mesmo tempo em que ele sentiu-se agarrando a algo. Abriu o olho direito e olhou para baixo: o chão estava a cinco andares de distancia, uma barra de aço atingindo-o. Olhou para cima e viu o teto e Gai, se apoiando no chão, segurando-o. Soltou sua cabeça e sentiu-se mais cansado que o normal.

Kakashi e Gai estavam exaustos. O primeiro tinha um olho roxo (pelo menos não era o bom), o segundo um inchaço na bochecha, os dois olhavam para cantos opostos, sentados um ao lado do outro no chão. Sentiam orgulho das feridas, como pequenos troféus temporários de uma batalha ferrenha.

- Você lutou bem. – Gai começou.

- Você também.

Ficaram mais alguns minutos em silencio. Garrafas de água eram usadas para refrescar o corpo tanto quanto para matar a sede.

- Por que você estava com tanta raiva quando começamos a lutar? – Uma vez mais a franqueza de Gai o surpreendia. Kakashi sorriu levemente embaixo da máscara.

- Porque... Não sei, é... Todo mundo tem me tratado diferente desde que eu consegui “isso” – Ele apontou inconsciente para o olho esquerdo. – desde que... Eu perdi meu melhor amigo... Eu queria agir de forma diferente, mas...

- Seu amigo morreu. Você não tem que agir de forma diferente, você está triste, isso é normal.

- Eu sei, mas...

- Eu sei...

Ficaram mais alguns minutos em silêncio. Barras de cereais os alimentavam e repunham as energias.

- Tentar relaxar... – Gai falou baixinho.

- Como?

- É... – Gai não esperava ser pego. – Tentar relaxar. O meu mestre tem tentado me ensinar a relaxar.

- Relaxar...

- Sim... Não ser relapso, ou algo assim, mas... Relaxar... Simples assim...

- Relaxar... É, quem sabe...?

Gai se levantou e fez um sinal de OK com uma das mãos.

- Até a próxima! E eu ganhei e agora estamos em mais um empate!

Ele se afastou enquanto Kakashi ponderava sobre as implicações disso. Gai foi até a porta e a abriu, parado na frente dela.

- Melhore. Controle o Sharingan. Aprenda a relaxar, Kakashi.

Ele fez outro sinal de OK. Ao sair, as palavras ficaram em sua mente. Aprender a relaxar... Seu mestre tinha um livro... Parecia interessante... Qual era o nome mesmo... Come Come Paradise...?

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